ᴼ ᵈᵉᵇᵃᵗᵉ ᵈᵃ ˢᵘᵖᵉʳᶠíᶜⁱᵉ

CONTEXTO - Isso é uma postagem que eu fiz no Facebook no dia 14 de abril desse ano de 2023. Mudei umas coisas, adcionei algumas notas e corrigi alguns erros. As notas novas vão estar em verde. Desculpa qualquer caps lock, eu estava com raiva. E sim, eu escrevo com ódio no coração muitas vezes. É foda, porque olhando assim hoje, eu vejo o quanto eu tava só precisando de uma ajuda e ninguém não teve nem a pachorra de vir me perguntar se eu tava me sentindo bem. Empatia não é uma rua de vias aparentemente, não é mesmo ?

Pode ser a velhice chegando aos 26 anos, mas sério gente, tá foda a burrice. Aqui em Salvador tem violência, sim - mas não é a faixa de Gaza (até porque Portugal foi embora, e a violência de lá e cá, funcionam de formas diferentes) que tentam vender. É tão óbvio que:

1) o crime organizado TEM LAÇOS COM AS ELITES (o cara que manda no tráfico é rico, você precisa pensar isso com um negócio. Logo, o traficante mor é um burguês e para manter seu poder, é muito óbvio a ligação dele com o Estado. Ou seja, a própria ordem burguesa facilita a vida do crime organizado), senão não crescia, não ganhava espaço;
2) tem um populismo policialesco para candidatos da direita vencerem;(o discurso deles é claramente racista, claramente fala sobre a moral dos homens, não trata o problema como material e possível de se resolver)

Aí me vêm esses ataques em escolas, que basicamente são fruto de FALTA DE MONITORAMENTO E NEGLIGÊNCIA. A polícia só trabalha como bombeira, espera dar merda para aparecer, quando deveria fazer essas investigações de prevenção do crime (sabe daquelas que só rolam em filme).(um de vocês inclusive me apontou uma coisa que esqueci de apontar : é preciso também entender o fenômeno como algo fabricado, ele não se trata de um fenômeno social que acontece do nada, ele é incentivado. Ou seja, é preciso combater quem incentiva e apagar os focos que naturalizam esse tipo de coisa)

Pior é essa esquerda, isso eu meto bronca em quem se diz anarco, marxista-leninista, trotskista ou social-democrata, que fica se pautando em debates burros da direita. Gente, fofoca do BBB, corpo sei lá de quem, se Cuba faz isso ou aquilo, se a URSS tinha melão ou não, isso não importa. Quero saber de emprego, trabalho, dá para pautar algum debate uma vez na vida? (recomendo sr. Jones Manoel aqui)

E essas conversas sobre trans completamente desinformadas que rolam por aí, hein? Puta merda, por isso eu só apoio o dia que o movimento trans parar de ter paciência e só conversar com quem está disposto a aprender (isso aqui é mais uma falta de paciência e cansaço mesmo de o tempo todo ser negada o tempo todo de fazer tudo e ainda ter que agradar CIS/hétero (às vezes até umas gay por aí)  com má vontade de ouvir o que a gente tem a dizer)Porque é muita ignorância. É tão fácil relacionar a transfobia como uma política que engaja todo mundo. É mais fácil convencer as pessoas a fazerem qualquer merda se for contra trans, isso é literalmente o plano, porque ninguém gosta de trans, nem você desconstruído de merda.(sim, estou olhando pro liberal que acha que usar esmalte mata a transfobia e o machismo)

Aí a gente entende Bolsonaro, a inabilidade de atuação da esquerda, em especial do PT que era o mais capaz de reagir de forma mais contundente.(por falta de organização, falta de trabalho teórico, falta de ação política, falta de mobilização)

Eu realmente tenho muitas dúvidas muito em relação à utilidade da internet, principalmente quando se trata de um acesso difuso, guiado por algoritmos corporativos, sem um objetivo específico de uso. Se a gente entra aqui para "trocar ideia" e a média das opiniões é um bando de conhecimento malformado, com pessoas que só querem ganhar no jogo de argumentar, eu sinceramente preferiria que a internet nem existisse.(isso eu não falo aqui explicitamente, minha crítica é em relação ao uso "optimal" da linguagem, isto é, você trata a língua como um jogo e assim como num jogo, seu único objetivo é vencer - toda parte da comunicação, da ludicidade, do criativo, do afetivo, se esvai e toma lugar um tipo de comunicação que só está preocupada em vencer o jogo daquela comunicação. Outro ponto que eu trago, é a questão pedagógica, todo mundo pode redescobrir todo conhecimento que existe, porém isso vai ser um trabalho desoriententado e vai bater em muitas teses erradas por muito tempo, que foi o que aconteceu com a ciência por muito tempo. Você precisa entender o processo histórico das descobertas científicas, nós só conseguimos avançar muito porque passamos a subir nos ombros dos gigantes. Dando um exemplo muito básico, só foi possível descobrir a multiplicação, porque alguém aprendeu a soma antes. Uma coisa ajuda a gente enxergar outra e por aí vai. Por isso nós precisamos de professores)

"Ah, mas a educação", gente, hoje se a gente pudesse oferecer tudo que a gente produz (isto é, se a gente tivesse capacidade transmitir todo conhecimento que a gente tem), a gente estaria produzindo lixo (é uma palavra forte, mas presta atenção no que vem depois). Educação sem um projeto político de sociedade vira um idealismo maluco, não dialoga com a realidade, e fica só nessa de inventar método isso, aquilo. Paulo Freire sofre disso sem o socialismo que ele defendeu quando escreveu a Pedagogia do Oprimido.(o que eu estou dizendo ? Se a gente não tem o nosso projeto político, nós copiamos o dos outros sem uma crítica. O mesmo erro do PCB da década de 60 em acreditar numa burguesia nacional, Freire comete aqui, quando vai defender um democratismo radical. As burguesias nacionais americanas apoiaram a revolução americana, mesmo os racistas do sul; enquanto no Brasil a nossa elite sempre foi rentista, sempre foi entreguista e escrava dos interesses da burguesia. Basta lembrar que o Brasil, mesmo independente nunca deixou de ser uma colônia da Europa, sempre foi exportadora de produtos primários e hoje isso foi atualizado, com o capital financeiro entrando em tudo que é nosso, sabe qual é a grande novidade ? Grande parte é capital estrangeiro)

Enfim, fica aí o desabafo, eu só me sinto triste, até porque a minha universidade não está fazendo o básico de renovar a carteira de estudante, aí fico sem poder ir e ainda vou sair punida disso. Fora outras questões que se eu fosse expor daria um bom livro.(eu consegui resolver, problema era que o sistema do transporte não aceita nome social internamente. "Ah porque você usa nome social se tem como retificar" - a retificação é um processo traumático, extremamente ineficaz e apesar da lei, você ainda tem muito lugar que não faz por transfobia mesmo. Recomendo sempre que vocês trans façam junto a defensoria pública do Estado de vocês ou sempre com alguma orientação de alguma organização do tipo. Fora que nessa época, eu já tava bem mal com desemprego, mal com universidade me desanimando, etc)

Meu alinhamento político é daqueles que entende que a gente deveria construir um socialismo, mas que o coletivo aqui ainda não consegue sair desse marasmo liberal (toda organização tem um tempo de aprendizado, o que eu estou dizendo, é que a gente não sabe se organizar como esquerda radical no Brasil. A gente ainda imita muito os liberais, os socialistas utópicos, o pior tipo de anarquismo vulgar), aí só me resta me voltar para o anarco-niilismo e sei lá. Ser o abismo que as pessoas precisam olhar para compreender um pouco a si mesmas e o mundo em que vivem.(aí vem a ética do exemplo misturada com o poder o anarquismo-niilista em transformar a negatividade, a depressão, uma situação completamente sem salvação, numa possibilidade de um outro mundo - só que eu oscilo entre o marxismo-leninismo e essa posição, depende geralmente do meu humor)
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