ᵀᵉˢᵉˢ ˢᵒᵇʳᵉ ᵃ ᵖᵃᵘᵗᵃ ⁿᵒ ᵈᵉᵇᵃᵗᵉ ᵖúᵇˡⁱᶜᵒ

Fiquei com vontade de fazer igual Marx com as teses de Feuerbach. Fiquem com as minhas teses sobre a pauta.

1- Existe um consumo de nicho na internet, alguns nichos são maiores principalmente por questões econômicas. Há mais investimento, há mais público, é mais acessível (fácil de entender, de encontrar gente que participa da comunidade, etc).


2- Ou seja, existem nichos que nunca vão se alcançar por mais que você tente. Tem a questão de investimento e tal, mas também podemos dizer que todo nicho tem uma curva de aprendizado. O que você precisa para entrar no nicho dos conteúdos de filosofia é ter alguma iniciação em filosofia, da mesma forma, para entrar no nicho de maquiagem você precisa ter algum conhecimento de maquiagem/moda. A educação no capitalismo em grande parte tem muito uma função de facilitar o consumo de produtos imateriais (arte, livro, filmes, etc). Ela não serve para um projeto de educação iluminista libertador.


3- Até que ponto responder uma pauta feita pelo nicho maior é não ser pautado ? Ou pior, qual é a função da resposta ? O nicho menor dificilmente vai conseguir superar o nicho maior, a função da resposta em grande parte é solidificar o nicho menor, mas conquistar alguns quadros.


4- O problema da comunicação contra-hegemônica é a sua falta de organização. E aqui não estou falando de pequenas discordâncias, estou falando que muitas vezes não existe um editorial, uma posição clara, muito menos uma produção de conteúdo mais profissional. Tudo é feito de forma mais individualizada (por mais que se tentem fazer coletivos aqui e ali, a organização ainda falha em concentrar tarefas em poucas pessoas) e em grande parte, isso facilita muito você desacreditar fulano, ciclano e etc. Criar situações de que se “apanha” mesmo que nenhum debate tenha sido feito.


5- É muito fácil criar uma cosmologia no nicho porque os valores sobrepõem a compreensão do público sobre o mundo. Todo nicho bem estruturado possui uma noção sobre o que é o céu, a terra, opiniões sobre X, Y, Z, ou que pelo menos estabelece a ligação com algum nicho maior.


6-  Há uma necessidade do nicho tratar todo mundo fora do nicho como tonto e quem está dentro do nicho como especial. A questão é identificar qual é o apelo, o que faz o seu público se sentir bem consumindo o seu texto.


7- É interessante o quanto que a sociedade deixou de ser guiada pela igreja, centralizada, localizada, concentradora de poder, para se tornar uma sociedade de pequenos cultos com profetas por toda parte.


8- Uma contradição enorme, principalmente, em quem se diz um divulgador da ciência ou de trazer alguma visão crítica é essa ideia de não querer formar uma igreja/seita. Mas note, assim como disse na tese 6, isso é só uma forma de fazer seu público se sentir bem ao consumir o seu conteúdo. “Os outros lá fora, são gado” - todo mundo de uma forma geral faz isso.


9- Me incomoda muito essa aversão à fazer trabalho de base com mais permanência de alguns movimentos. Quando digo permanência, falo sobre ocupar espaço, fazer políticas que durem mais tempo, isso tanto dentro da institucionalidade, como fora dela.


10- Que foi ? Estava esperando quantas teses ?


11- Os filósofos têm apenas interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo. Marx


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