Uma porta de entrada para o debate econômico

O Capital (e muitas das obras de Marx) são considerados livros muito difíceis de se ler. Além de ser um texto grande, ele é denso, complexo. Claro, pensando na necessidade de trazer essa explicação sobre o funcionamento para todos, nós ganhamos de presente o Manifesto Comunista, uma versão condensada dos estudos de Marx e Engels.

Fora que conforme o movimento comunista foi se desenvolvendo, ele foi criando pedagogias, obras de arte, música, textos, etc, que conseguiram popularizar o que a gente chama hoje de marxismo. Da mesma forma que Newton, Darwin, Marx ganhou uma versão pop - uma forma de explicar que poderia servir como uma leitura inicial..

O que me pega um pouco, em algumas figuras do debate público, especialmente o debate sobre economia, é que elas tratam o debate público como algo exclusivo e unicamente um papel de gestores do capital. Isto é, se inventa um código para falar sobre economia que exclui 99% das pessoas.

Se são as pessoas que fazem parte da economia, não seria justo que elas discutissem política econômica ?

Veja, não é uma questão científica de ter termos específicos da economia, a questão vai mais longe : é negada a educação política, isto é, não é um conhecimento ensinado nas escolas para evitar que os trabalhadores pensem uma nova economia popular.

Conhecimento é poder nesse sentido. Saber como funciona a economia, permite a gente pensar uma economia para um determinado fim.

Como esse texto vai ser uma resenha/recomendação, ele não vai ser tão longo. Quero deixar uma recomendação do programa ICL Mercado e Investimentos, de Deborah Magagna e André Campedelli.

Se eu fosse descrever esse programa seria “O que o Manifesto Comunista foi pro Capital” - É esse trabalho de Marx e Engels, em estudar a economia burguesa como ciência e desvelar a natureza do capital como um sistema político social. Tudo isso feito de uma forma popular e acessível para todos, sem simplificar demais e de forma pedagógica.

Na minha opinião, é muito mais importante a gente ter uma capacidade de apontar um alvo nas costas da burguesia, MOSTRANDO MATERIALMENTE como a economia funciona do que apelar para discursos moralistas acusando a “maldade dos ricos”.

A moral é ideológica, ela serve para reproduzir uma determinada sociedade, assim que a gente construir uma sociedade que valoriza bilionário, valorizar bilionário vai ser considerado bom e ser trabalhador vai ser considerado ruim.

Por isso, é mais importante mudar a forma de produzir a vida, isto é, o modo de viver vai mudar como a gente pensa.

O que fica muito claro nesses últimos meses, nos comentários de Deborah e André, por exemplo, que a escolha da política econômica em beneficiar o agronegócio, as apostas no mercado financeiro, agora mais ou menos recentemente as bets : isso gera uma sociedade valoriza muito pouco o trabalho, valoriza o lucro (ou o superávit) acima da vida humana.

De forma muito inteligente, eles nos mostram como que o crescimento é fruto de um investimento público, ainda que tímido (sim, eu to olhando pra essa disputa interna Alckmin vs Haddad). E esse crescimento é visto com maus olhos pelo mercado, porque isso desafia o modelo econômico rentista que o Brasil adotou, principalmente com Collor/FHC. Haddad e Campos Neto conspiram para agradar o mercado de toda forma, enquanto isso um “desastre acontece” : OS TRABALHADORES TIVERAM AUMENTO DE RENDA !!

Aí começa o choro com medo do fantasma da inflação ! Quer ver alguém literalmente pisando nesses caras ? Tá aí, Deborah e André, traduzindo a ideologia burguesa pro bom português brasileiro, sem firula liberal.


Enfim, vejam aí. Fica aí minha recomendação.

Tem essa página que facilita ver os vídeos de forma organizada : https://icleconomia.com.br/videos/

e claro, a playlist do youtube... link
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