Tem alguns spoiler de Mad Max Estrada da Fúria, Star wars, Cyberpunk 2077 - nada muito grande, mas né, é spoiler igual.
Sugestão de música do dia - Mazzy Star - Halah
Sugestão de música do dia - Mazzy Star - Halah
Observando de longe (bem de longe - através claro, de pura alienação ) o cenário político do Brasil, uma coisa é muito clara : estamos caminhando à passos largos para uma versão de Mad Max teocrático sem a catarse da violência dos filmes.
Falando especificamente de Estrada da Fúria, o que faz ele ser um filme tão gostoso de se ver, é a vingança da Furiosa contra o Imortal Joe, a vitória do povo sobre o supremacista branco que tomava todos os recursos naturais para si.
O que Ian Neves não consegue ver em comum de toda distopia (1), seja o apocalipse zumbi genérico, distopias cyberpunk de Phillip K Dick, por fim, filmes como Matrix e cia, é que todos eles tem um grupo organizado de resistência, por mais poderoso que possa ser ou por mais insalubre que seja a situação.
Mesmo se você considerar Star Wars (de uma forma geral, e sim), por mais que o Império seja uma força imbatível e os Jedi sejam a coisa mais bundamole que eu já vi (se a resistência dependesse deles não tinha como derrotar o Império), o que de fato, destrói o Império galático é a organização da resistência.
E a gente se encaminha para uma distopia sem os grupos de resistência. Talvez o mais icônico seja que em Cyberpunk 2077, no ano de 2020, mesmo com o hiper-monopólio das empresas e seu poder quase que absoluto, ainda era possível que grupos de rebeldes lutassem contra as corporações. Nós vivemos o cyberpunk sem todo neon e tecnologia.
Você pode até ver aqui e ali alguma iniciativa de se fazer isso : mas ainda muito carregada de voluntarismo, “boa vontade” e messianismo. São muitas iniciativas individualizadas, seguradas por organizações que concentram trabalho em algumas pessoas, de forma amadora e que espera “boa vontade”, no sentido de que a segurança dos militantes é deixada à boa vontade das autoridades e dos nossos inimigos de classe.
Segurança, não só no sentido físico, digo também, segurança de ter onde comer, viver, trabalhar, etc. Os nossos movimentos mais avançados nesse sentido fazem isso (MST, MLB, LCP, Olga Benário e cia), mas o fazem numa situação de precariedade tremenda.
O que fica muito claro é que nós estamos no máximo sobrevivendo, nós ainda não construímos condições de realmente revidar. Nossos movimentos ainda dependem da letra fria da lei, por mais burguesa ela seja; por mais que a gente queira atuar fora das instituições, nós acabamos por depender delas para não sermos massacrados ou para conseguir conquistar alguma coisa para nós.
A tendência, muito clara, é a de nós repetirmos os mesmos erros de reproduzir o liberalismo radical. Quem dera pudessemos errar como os Soviéticos e os Chineses ?
Veja, é um padrão que se repete, um ciclo que faz parte da reprodução do capital. O PT já foi um partido radical, olha no que deu : por que seria diferente conosco ?
Não, não é possível escalar infinitamente
Falando especificamente de Estrada da Fúria, o que faz ele ser um filme tão gostoso de se ver, é a vingança da Furiosa contra o Imortal Joe, a vitória do povo sobre o supremacista branco que tomava todos os recursos naturais para si.
O que Ian Neves não consegue ver em comum de toda distopia (1), seja o apocalipse zumbi genérico, distopias cyberpunk de Phillip K Dick, por fim, filmes como Matrix e cia, é que todos eles tem um grupo organizado de resistência, por mais poderoso que possa ser ou por mais insalubre que seja a situação.
Mesmo se você considerar Star Wars (de uma forma geral, e sim), por mais que o Império seja uma força imbatível e os Jedi sejam a coisa mais bundamole que eu já vi (se a resistência dependesse deles não tinha como derrotar o Império), o que de fato, destrói o Império galático é a organização da resistência.
E a gente se encaminha para uma distopia sem os grupos de resistência. Talvez o mais icônico seja que em Cyberpunk 2077, no ano de 2020, mesmo com o hiper-monopólio das empresas e seu poder quase que absoluto, ainda era possível que grupos de rebeldes lutassem contra as corporações. Nós vivemos o cyberpunk sem todo neon e tecnologia.
Você pode até ver aqui e ali alguma iniciativa de se fazer isso : mas ainda muito carregada de voluntarismo, “boa vontade” e messianismo. São muitas iniciativas individualizadas, seguradas por organizações que concentram trabalho em algumas pessoas, de forma amadora e que espera “boa vontade”, no sentido de que a segurança dos militantes é deixada à boa vontade das autoridades e dos nossos inimigos de classe.
Segurança, não só no sentido físico, digo também, segurança de ter onde comer, viver, trabalhar, etc. Os nossos movimentos mais avançados nesse sentido fazem isso (MST, MLB, LCP, Olga Benário e cia), mas o fazem numa situação de precariedade tremenda.
O que fica muito claro é que nós estamos no máximo sobrevivendo, nós ainda não construímos condições de realmente revidar. Nossos movimentos ainda dependem da letra fria da lei, por mais burguesa ela seja; por mais que a gente queira atuar fora das instituições, nós acabamos por depender delas para não sermos massacrados ou para conseguir conquistar alguma coisa para nós.
A tendência, muito clara, é a de nós repetirmos os mesmos erros de reproduzir o liberalismo radical. Quem dera pudessemos errar como os Soviéticos e os Chineses ?
Veja, é um padrão que se repete, um ciclo que faz parte da reprodução do capital. O PT já foi um partido radical, olha no que deu : por que seria diferente conosco ?
Não, não é possível escalar infinitamente
É sempre bom ler os ideológos do capital atual (2) e ver que eles ainda acreditam nas mesmas coisas do início do século XIX. Com máquinas se tornou possível produzir mais e mais. “Uma máquina equivale à 100 homens” - quem nunca ouviu isso numa aula de história do ensino médio ? Mesmo que não, é um conceito simples : um sapateiro, digamos que produza um calçado por dia; Uma máquina consegue cuspir 100 sapatos na linha de montagem.
Se você precisasse de 100 sapatos num dia, teria que contratar 100 sapateiros; Se a linha de produção for bem automatizada hoje em dia, talvez você tenha um. A IA surge como quem vai substituir a força de trabalho humano intelectual por completo, essa é a grande promessa desses investimentos doidos em IA.
É só pensar um pouco para perceber que isso vai deixar todo mundo desempregado. “Mas novos trabalhos vão surgir com nova tecnologia !!” com que garantia e por que não podemos organizar os trabalhos de forma racional ao invés de deixar ao acaso “das leis do mercado ?”
Se a gente se “adaptou” (leia-se fomos forçados) à revolução industrial, não foi sem planejamento, não foi sem jogar determinados grupos sociais em determinados tipos de emprego, não foi sem inclusive, manter as riquezas de modos de produção anteriores.
E quando a gente fala “mercado”, ele tem um nome muito mais fácil de compreender : burguesia. Ela existe, tem lugar, tem espaço e está presa conosco nesse planeta.
Qual é a ideia central de Sam Altman e outros ideológos da “nova revolução da inteligência artificial” ? Se você tem X número de CPU, e isso equivale à 100 vezes o trabalho humano, se a gente escalar INFINITAMENTE esses modelos de linguagem, podemos praticamente abolir por completo o trabalho humano.
Não entra em questão nem se o trabalho está sendo bem feito ou se esse trabalho está sendo feito para a sociedade; Só que uma IA vai “fazer” mais do que um humano, até porque ela não sofre das limitações humanas (como literalmente PRECISAR DE COISAS PARA VIVER).
Ou seja, se a gente determinar que gerar emojis como uma moeda tem valor para a sociedade, essa máquina de gerar emojis até esgotar toda a energia elétrica e poder computacional, mas será que essa quantidade infinita de emojis sequer vai ter um destino social ? Nós precisamos mesmo de tantos emojis ? É como se você enchesse seu armazenamento no seu computador/celular com cópias infinitas de um mesmo arquivo, você não vai ter espaço para mais nada e o seu dispositivo vai deixar de funcionar.
E a gente volta para as crises de hiperprodução, de novo e de novo, até claro, nós morrermos e a economia nem importar mais nada. Se tinha uma coisa que Marx queria dizer em todo seu trabalho de economia política era isso.
O capitalismo é um sistema de produção muito bom em produzir - é uma impressora de parafusos !!! Mas não tem ideia de como usar o parafuso ou sequer se precisa de parafusos, é uma impressora ligada no talo, imprimindo de tudo até não ter mais nada de matéria-prima para imprimir.
A IA vai resolver esse problema do capitalismo ? Da mesma forma que o torno, ela poderia servir para tornar a produção mais produtiva. Oras, imagina ter que derreter metal e entornar o metal com martelos ? É praticamente impossível, na mesma medida, a IA poderia trazer novas possibilidades - ao mesmo tempo, adianta alguma coisa produzir infinitamente sem nenhuma racionalidade para, destruir o planeta e esgotar TODOS OS RECURSOS NATURAIS ?
A máquina de costurar tirou o emprego das costureiras ? Sim e ainda podemos dizer, as fez trabalhar ainda mais. A máquina morta sozinha faz isso ou É TODO UM SISTEMA ECONÔMICO QUE FAZ ISSO ? Quem faz a sociedade são as pessoas.
Olha que esse meu marxismo tá bem raso, isso é só uma ponta dos problemas nessa noção de que se você ficar transformando tudo em produção de escala vai ter um retorno muito grande. Leia Marx, ele escreveu 3 volumes sobre isso. (3)
É tão difícil assim não ser reacionário ?
Se você precisasse de 100 sapatos num dia, teria que contratar 100 sapateiros; Se a linha de produção for bem automatizada hoje em dia, talvez você tenha um. A IA surge como quem vai substituir a força de trabalho humano intelectual por completo, essa é a grande promessa desses investimentos doidos em IA.
É só pensar um pouco para perceber que isso vai deixar todo mundo desempregado. “Mas novos trabalhos vão surgir com nova tecnologia !!” com que garantia e por que não podemos organizar os trabalhos de forma racional ao invés de deixar ao acaso “das leis do mercado ?”
Se a gente se “adaptou” (leia-se fomos forçados) à revolução industrial, não foi sem planejamento, não foi sem jogar determinados grupos sociais em determinados tipos de emprego, não foi sem inclusive, manter as riquezas de modos de produção anteriores.
E quando a gente fala “mercado”, ele tem um nome muito mais fácil de compreender : burguesia. Ela existe, tem lugar, tem espaço e está presa conosco nesse planeta.
Qual é a ideia central de Sam Altman e outros ideológos da “nova revolução da inteligência artificial” ? Se você tem X número de CPU, e isso equivale à 100 vezes o trabalho humano, se a gente escalar INFINITAMENTE esses modelos de linguagem, podemos praticamente abolir por completo o trabalho humano.
Não entra em questão nem se o trabalho está sendo bem feito ou se esse trabalho está sendo feito para a sociedade; Só que uma IA vai “fazer” mais do que um humano, até porque ela não sofre das limitações humanas (como literalmente PRECISAR DE COISAS PARA VIVER).
Ou seja, se a gente determinar que gerar emojis como uma moeda tem valor para a sociedade, essa máquina de gerar emojis até esgotar toda a energia elétrica e poder computacional, mas será que essa quantidade infinita de emojis sequer vai ter um destino social ? Nós precisamos mesmo de tantos emojis ? É como se você enchesse seu armazenamento no seu computador/celular com cópias infinitas de um mesmo arquivo, você não vai ter espaço para mais nada e o seu dispositivo vai deixar de funcionar.
E a gente volta para as crises de hiperprodução, de novo e de novo, até claro, nós morrermos e a economia nem importar mais nada. Se tinha uma coisa que Marx queria dizer em todo seu trabalho de economia política era isso.
O capitalismo é um sistema de produção muito bom em produzir - é uma impressora de parafusos !!! Mas não tem ideia de como usar o parafuso ou sequer se precisa de parafusos, é uma impressora ligada no talo, imprimindo de tudo até não ter mais nada de matéria-prima para imprimir.
A IA vai resolver esse problema do capitalismo ? Da mesma forma que o torno, ela poderia servir para tornar a produção mais produtiva. Oras, imagina ter que derreter metal e entornar o metal com martelos ? É praticamente impossível, na mesma medida, a IA poderia trazer novas possibilidades - ao mesmo tempo, adianta alguma coisa produzir infinitamente sem nenhuma racionalidade para, destruir o planeta e esgotar TODOS OS RECURSOS NATURAIS ?
A máquina de costurar tirou o emprego das costureiras ? Sim e ainda podemos dizer, as fez trabalhar ainda mais. A máquina morta sozinha faz isso ou É TODO UM SISTEMA ECONÔMICO QUE FAZ ISSO ? Quem faz a sociedade são as pessoas.
Olha que esse meu marxismo tá bem raso, isso é só uma ponta dos problemas nessa noção de que se você ficar transformando tudo em produção de escala vai ter um retorno muito grande. Leia Marx, ele escreveu 3 volumes sobre isso. (3)
É tão difícil assim não ser reacionário ?
Resposta rápida : sim, ainda mais no Brasil.
Agora vai a resposta longa - novamente, observando de longe, alienada, dopada, literalmente pegando para ver Pinguins de Madagascar e rindo das piadas - uma coisa em comum em todo movimento de esquerda no Brasil é o fato de que a gente cresce no capitalismo, numa sociedade desigual machista, supremacista branca, etc, etc.
No contexto geopolítico atual, sem entrar em uma análise muito grande, é muito óbvio o papel que o Brasil tem de cadela do imperialismo na América Latina, mesmo nesses governos “progressistas”. O Brasil é o maior país da América Latina em diversos aspectos, líder regional importante, uma das maiores economias do mundo - O que afeta o Brasil, afeta toda a região e os países que dependem da grande economia do Brasil. Seria importante portanto, numa perspectiva estratégica, buscar relações de cooperação, de amizade, de desenvolvimento regional. Qual é a lógica atual ? Muito discurso, muito pouco trabalho em direção à assumir essa responsabilidade regional.
Atualmente no BRICS, o Brasil é bem tímido em se empreender em projetos de infraestrutura, como a “Nova rota da seda” por “medo de pressões geopolíticas” (4).
Claro que essa presença imperialista no Brasil e na América Latina não foi capaz de impedir por completo todos os nossos movimentos populares, temos exemplos de literalmente de norte a sul no continente americano de construção das lutas populares.
O que me parece evidente dos nossos movimentos no ocidente é que a gente está muito menos disposto em criar organizações sociais novas, de criar uma cultura popular popular (sim, isso mesmo), de realmente pegar um projeto e lutar por ele, criar novas instituições populares, novas formas de produzir a vida em sociedade.
É no mínimo engraçado que no Brasil a gente sempre faz tudo de forma que a gente põe a vida das pessoas em risco, onde todo mundo precisa ser um bom indivíduo e a gente não é capaz de construir uma máquina organizativa (um partido, oras bolas) que é uma arma de luta contra a burguesia.
É sempre o paradigma do profeta - só que dá revolução ! “Nossa visão é a correta, todos os outros estão errados !!”. Só que o seguinte, essa visão correta não é uma visão subjetiva, uma mensagem recebida de Deus, ou uma elocubração acadêmica hegeliana - é a análise científica da realidade que possibilita que a gente tome as melhores ações.
Tô dizendo num sentido bem prático mesmo, sem firula nenhuma, X funciona por conta disso e disso - reproduza e veja se funciona. É ciência !!! Se não funcionar, experimente, tome notas, use da metodologia para alcançar mais precisão nos seus resultados, tente entender o que deu errado e porque deu errado, o que é dar errado e o que é dar certo, etc.
Desde a crise do antigo PCB (a crise recente), eu notei que todo mundo tava muito bonito criticando a postura de um lado e de outro, eu vi pouquíssimas pessoas discutindo de fato, como aquilo aconteceu, porquê aconteceu e onde a gente pode fazer diferente para não cair no mesmo problema (e sim, rachar um partido ao meio é um problema).
Porque, disputa de micro-poder, burocracia que só funciona de um lado, abuso disso, daquilo e tal, existe em maior ou em menor grau, EM TODA ORGANIZAÇÃO. Veja, eu sei que é algo óbvio de dizer, mas bem vindo ao deserto do real. As pessoas são escrotas, pessoas que muitas vezes você admira; o militante mais velho, seu pai, seu professor, etc, autoridades e tal , por mais que saiba uma coisa ou outra a mais que você, está numa situação de desespero de não saber o que fazer da vida tanto quanto você novinho que não vai se aposentar.
O que a gente precisa fazer é exatamente, criar mecanismos para evitar ou mitigar essas coisas que enfraquecem nossa organização. E de fato, analisar, tratar com critério, MÉTODO CIENTÍFICO É IMPORTANTE, para ver de fato, o que podemos fazer para melhorar. O que é melhor ? Melhor para quê ?
Se o PCB rachou, tem motivos, tem causas, tem uma história por trás disso; E PODE ACONTECER CONOSCO TAMBÉM. Da mesma forma que o PT falava de socialismo no seu início, hoje nós falamos também, o que impede de nós nos tornamos PT social-liberal do amanhã ? (Se a gente julga isso como ruim.)
É igual caso Silvio Almeida, a questão individual quem vai resolver são as autoridades competentes; Agora a sociabilidade que cria o intelectual que se acha a última bolacha do pote, que faz o que quiser “porque é importante”, que é famosinho e é o rosto de várias causas sociais, isso não falta - muito provavelmente você conhece outros parecidos. Você depender a imagem do seu movimento, a voz dele, à figurinhas famosas aqui e ali, é pedir para ter um escândalo estourar a qualquer momento.
Veja, nem precisa ser um crime verdadeiro ou falso, pode ser um assassinato como o caso de Marielle. No caso do Silvio, você recebe uma acusação, pronto, o movimento negro perde toda força e credibilidade diante de uma sociedade já supremacista branca ; Marielle morre, toda a organização que dependia dela vai abaixo.
É difícil deixar de reproduzir o reacionarismo, justamente, porque a gente continua reproduzindo as formas de se organizar, pensar e construir a vida dos conservadores. A gente repete as mesmas coisas deles, muitas vezes, sem nem perceber que o problema mora justamente na forma de ser que eles nos ensinam.
O militante age de forma agressiva com outro militante do mesmo partido, porque cresceu num ambiente violento; o partido imita a organização de gestão de grandes empresas por acreditar ser mais eficiente, sendo que na prática, são organizações feitas para esmagar a organização popular; por fim o país, imita os países imperialistas, “porque dá certo lá, deve dá certo aqui também” e não cria uma política nacional própria e soberana.
Agora vai a resposta longa - novamente, observando de longe, alienada, dopada, literalmente pegando para ver Pinguins de Madagascar e rindo das piadas - uma coisa em comum em todo movimento de esquerda no Brasil é o fato de que a gente cresce no capitalismo, numa sociedade desigual machista, supremacista branca, etc, etc.
No contexto geopolítico atual, sem entrar em uma análise muito grande, é muito óbvio o papel que o Brasil tem de cadela do imperialismo na América Latina, mesmo nesses governos “progressistas”. O Brasil é o maior país da América Latina em diversos aspectos, líder regional importante, uma das maiores economias do mundo - O que afeta o Brasil, afeta toda a região e os países que dependem da grande economia do Brasil. Seria importante portanto, numa perspectiva estratégica, buscar relações de cooperação, de amizade, de desenvolvimento regional. Qual é a lógica atual ? Muito discurso, muito pouco trabalho em direção à assumir essa responsabilidade regional.
Atualmente no BRICS, o Brasil é bem tímido em se empreender em projetos de infraestrutura, como a “Nova rota da seda” por “medo de pressões geopolíticas” (4).
Claro que essa presença imperialista no Brasil e na América Latina não foi capaz de impedir por completo todos os nossos movimentos populares, temos exemplos de literalmente de norte a sul no continente americano de construção das lutas populares.
O que me parece evidente dos nossos movimentos no ocidente é que a gente está muito menos disposto em criar organizações sociais novas, de criar uma cultura popular popular (sim, isso mesmo), de realmente pegar um projeto e lutar por ele, criar novas instituições populares, novas formas de produzir a vida em sociedade.
É no mínimo engraçado que no Brasil a gente sempre faz tudo de forma que a gente põe a vida das pessoas em risco, onde todo mundo precisa ser um bom indivíduo e a gente não é capaz de construir uma máquina organizativa (um partido, oras bolas) que é uma arma de luta contra a burguesia.
É sempre o paradigma do profeta - só que dá revolução ! “Nossa visão é a correta, todos os outros estão errados !!”. Só que o seguinte, essa visão correta não é uma visão subjetiva, uma mensagem recebida de Deus, ou uma elocubração acadêmica hegeliana - é a análise científica da realidade que possibilita que a gente tome as melhores ações.
Tô dizendo num sentido bem prático mesmo, sem firula nenhuma, X funciona por conta disso e disso - reproduza e veja se funciona. É ciência !!! Se não funcionar, experimente, tome notas, use da metodologia para alcançar mais precisão nos seus resultados, tente entender o que deu errado e porque deu errado, o que é dar errado e o que é dar certo, etc.
Desde a crise do antigo PCB (a crise recente), eu notei que todo mundo tava muito bonito criticando a postura de um lado e de outro, eu vi pouquíssimas pessoas discutindo de fato, como aquilo aconteceu, porquê aconteceu e onde a gente pode fazer diferente para não cair no mesmo problema (e sim, rachar um partido ao meio é um problema).
Porque, disputa de micro-poder, burocracia que só funciona de um lado, abuso disso, daquilo e tal, existe em maior ou em menor grau, EM TODA ORGANIZAÇÃO. Veja, eu sei que é algo óbvio de dizer, mas bem vindo ao deserto do real. As pessoas são escrotas, pessoas que muitas vezes você admira; o militante mais velho, seu pai, seu professor, etc, autoridades e tal , por mais que saiba uma coisa ou outra a mais que você, está numa situação de desespero de não saber o que fazer da vida tanto quanto você novinho que não vai se aposentar.
O que a gente precisa fazer é exatamente, criar mecanismos para evitar ou mitigar essas coisas que enfraquecem nossa organização. E de fato, analisar, tratar com critério, MÉTODO CIENTÍFICO É IMPORTANTE, para ver de fato, o que podemos fazer para melhorar. O que é melhor ? Melhor para quê ?
Se o PCB rachou, tem motivos, tem causas, tem uma história por trás disso; E PODE ACONTECER CONOSCO TAMBÉM. Da mesma forma que o PT falava de socialismo no seu início, hoje nós falamos também, o que impede de nós nos tornamos PT social-liberal do amanhã ? (Se a gente julga isso como ruim.)
É igual caso Silvio Almeida, a questão individual quem vai resolver são as autoridades competentes; Agora a sociabilidade que cria o intelectual que se acha a última bolacha do pote, que faz o que quiser “porque é importante”, que é famosinho e é o rosto de várias causas sociais, isso não falta - muito provavelmente você conhece outros parecidos. Você depender a imagem do seu movimento, a voz dele, à figurinhas famosas aqui e ali, é pedir para ter um escândalo estourar a qualquer momento.
Veja, nem precisa ser um crime verdadeiro ou falso, pode ser um assassinato como o caso de Marielle. No caso do Silvio, você recebe uma acusação, pronto, o movimento negro perde toda força e credibilidade diante de uma sociedade já supremacista branca ; Marielle morre, toda a organização que dependia dela vai abaixo.
É difícil deixar de reproduzir o reacionarismo, justamente, porque a gente continua reproduzindo as formas de se organizar, pensar e construir a vida dos conservadores. A gente repete as mesmas coisas deles, muitas vezes, sem nem perceber que o problema mora justamente na forma de ser que eles nos ensinam.
O militante age de forma agressiva com outro militante do mesmo partido, porque cresceu num ambiente violento; o partido imita a organização de gestão de grandes empresas por acreditar ser mais eficiente, sendo que na prática, são organizações feitas para esmagar a organização popular; por fim o país, imita os países imperialistas, “porque dá certo lá, deve dá certo aqui também” e não cria uma política nacional própria e soberana.
Como sugestão sugiro estudar no :
https://www.marxists.org/ - (tem em várias linguas e melhor EM PORTUGUÊS, textos marxistas diversos, comece por Manifesto Comunista.)
Tem versão audiolivro - https://www.marxists.org/portugues/tematica/audiolivros.htm
Biblioteca do MST - https://mst.org.br/biblioteca-da-questao-agraria/
Olga Benário - https://averdade.org.br/wp-content/uploads/2020/07/Documento-29-MMOB-CARTILHA-DO-MOVIMENTO-DE-MULHERES-OLGA-BEN%C3%81RIO.pdf
(dica, busquem na sua região, sempre tem algum movimento próximo de vocês)
e vou recomendar esse texto do Fisher - k-punk.org/abandon-hope-summer-is-coming/
(da pra usar um google translate se vcs n dominarem inglês)
(se vcs quiserem depois eu faço um post só com sites legais de esquerda - eu acho que vou fazer de qlqer forma depois)
fontes (pq eu sou dessas) :
1. NEVES, I. POR QUE OS COMUNISTAS ODEIAM DISTOPIAS? | Cortes do Ian Neves. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=A6azM-CDavU&pp=ygUTaWFuIG5ldmVzIGRpc3RvcGlhcw%3D%3D. Acesso em: 18 sep. 2024.
2. Moore’s law for everything. Disponível em: https://moores.samaltman.com/. Acesso em: 18 sep. 2024.
3. O Capital. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/index.htm. Acesso em: 18 sep. 2024.
4. Nova Rota da Seda: o que Brasil ganha ou perde se aderir a plano trilionário chinês. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/04/12/nova-rota-da-seda.ghtml. Acesso em: 18 sep. 2024.
2. Moore’s law for everything. Disponível em: https://moores.samaltman.com/. Acesso em: 18 sep. 2024.
3. O Capital. Disponível em: https://www.marxists.org/portugues/marx/1867/capital/index.htm. Acesso em: 18 sep. 2024.
4. Nova Rota da Seda: o que Brasil ganha ou perde se aderir a plano trilionário chinês. Disponível em: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/04/12/nova-rota-da-seda.ghtml. Acesso em: 18 sep. 2024.