ᴼ qᵘᵉ ᶠᵃᶻᵉʳ ⁿᵒ ᵐᵘⁿᵈᵒ ᵈᵒ ᵉˢᵖᵉᵗáᶜᵘˡᵒ ?

É possível escapar da prisão das imagens que nós inventamos para nós mesmos ? Debord, mais tarde Baudrillard e mesmo Deleuze não possuem respostas para tal. É bem típico de pensadores ocidentais construírem suas grandes teses sem o propósito de pensar uma práxis, no final o que importa é ter o que dizer no café francês.

Já que vamos falar de sujeitos, em especial indivíduos, vamos pensar nesses termos. Ninguém é mais posto como trabalhador, muito menos como possuindo alguma nação, herança, tradição, etc. Todo elemento que possa fazer referência a algum tipo de coletividade é banido.Todo mundo é um CEO em construção, lembrar que é da família X, de tal país, etc, é questão de construir uma boa narrativa. Se lembra do próprio passado para construir uma biografia best-seller, não porque há alguma ligação com esse passado.

O imaginário não é mais o imaginário coletivo. O repertório da nossa imaginação é construído pela mídia, suas propagandas, seus produtos. Nós deixamos de fazer parte da nossa comunidade para fazer parte de "uma grande comunidade global" - de consumidores.

Ser passa a ter referência no consumo. As perguntas que fazemos para essa narrativa vão depender muito do nosso objetivo político. Há quem vai olhar para isso e vai entrar num torpor niilista, há quem vai olhar para isso e perguntar "o que fazer ?".

E assim, acho que o grande problema é, ok, esses autores denunciam uma questão na sociedade neoliberal, porém eles mesmos repetem essa prática. Ser marxista no ocidente se tornou muito mais uma questão de estar na universidade, nos clubes de livros, em pequenos encontros, do que de fato buscar uma práxis política.

O problema da crítica ao espetáculo, por assim dizer, é que ela não vem acompanhada de uma construção política. Berardi, assim como Sloterdijk e Byung chul Han, são outros autores que trabalham nessa mesma linha, eles de uma maneira geral afirmam que essa experiência digital é insuficiente para a nossa vivência como humanos.

Se é algo tão universal, como se fosse uma nova cosmogonia, realmente, não há o que fazer. Porém, se estamos falando de uma sociedade mais irregular, que ainda reproduz valores de épocas anteriores, que não é de todo composta por consumidores (obrigado desigualdade), que vive ainda numa disputa constante na construção do mundo - aqui há o que discutir.

Às vezes, a cabecinha moderna não consegue entender o que foi o iluminismo. Deus como um conceito é algo absoluto, numa situação de análise, de pensamento sobre a realidade, é incompatível com o trabalho científico.

Se você for analisar uma guerra e como centro da sua análise você trabalha com a vontade de Deus, ao invés de analisar elementos materiais concretos - não há o que debater senão questões religiosas. Vai importar muito mais olhar o que Deus (quaisquer seja) tem sobre determinada questão. Vai ser importante ver se o Rei é um verdadeiro cristão ou não, isso vai importar mais do que os números de suas tropas.

(O que não significa que a religião deixou de ser importante, ela é importante por conta de outras questões)

O espetáculo descrito por esses autores em última instância age muito mais como uma categoria absoluta do que um conceito sociológico. Há uma dominação do capital quase que completa, mas isso significa que em todo espaço ele o faz de forma absoluta ?

Se a industrialização não é algo universal na sociedade moderna, por que a sociedade do espetáculo seria a mesma em todo lugar ?

Temos que perguntar o seguinte e sermos mais precisos na nossa análise : Se a sociedade do espetáculo é algo que também existe na nossa sociedade, como ela funciona aqui ?

Qual é a importância que a grande mídia monopolista possui e das plataformas das redes sociais ? Como que nós criamos o nosso imaginário a partir das nossas experiências sociais ?

Mais importante de tudo, como usar essas ferramentas digitais ? Parece um conceito tão inovador dizer que tecnologia se usa, o problema não é a tecnologia. Há uma crítica muito rasa por parte de alguns academicistas que afirmam que as redes sociais são alienantes, que os jogos digitais são alienantes, etc.

Um é não compreender o papel da alienação - é uma fuga de uma realidade dolorosa, é uma negação da realidade que inclusive podemos cooptar para a nossa causa. Segundo, podemos usar essa tecnologia para criar um imaginário socialista. Se a gente tem o poder de formar subjetividades (se é uma categoria que existe) através das tecnologias digitais, por que não formar uma que seja contra-hegemônica à essa atual ?

É uma questão que eu ponho muito na minha resenha do filme "Ele está de volta". Eu não quero saber o que Hitler pensaria do mundo atual, eu quero perguntar por que o autor, de todas as pessoas, escolheu reviver Adolf Hitler ?

Por que a gente não pode usar da nossa imaginação para reviver os nossos ? É preciso cuidar com a crítica da nostalgia, ela em muitos casos, é um nome diferente para a memória que construímos.
Ao invés de ter uma postura tão niilista, que tal construir uma nova práxis ? Se estamos presos, por que não usamos as nossas barras como as nossas armas para a libertação ?

É muito o dilema do soldado que é mandado para matar os seus semelhantes - aquela arma pode servir para cumprir a missão dada pelo patrão, como pode ser usada para a defesa daqueles, que assim você, são escravizados e explorados em nome do lucro.

Não há o que perder, nós já não temos mais nada. A quantidade de gente prostituída, jogada na droga, no crime, no trabalho escravo (remunerado ou não, porém sempre forçado). Gente, se a gente já faz tudo isso, do que adianta tentar fazer parte dessa brincadeira chamada capitalismo ?

Quero que você perceba o seguinte, olha como se torna possível fazer alguma coisa com a crítica que eu fiz ? É preciso tomar cuidado com esses autores com retórica marxista e com posições conservadoras. Emular um marxismo crítico, cheio de palavras novas e belas, é fácil e qualquer um pode fazer.

Significa que devemos ler apenas marxistas ? Não, significa que devemos ler pensando uma prática, compreendendo o desenvolvimento histórico, como as coisas se constroem.

🐧🐙 𝔡ᶤⓖ𝓘𝓉aŁ 𝕃𝕒𝒾𝓃 𝓱卂Ş 𝓗Eℝ 𝕙คN𝒹𝓼 𝐀𝕣Øùn𝒹 𝔩ᗩ𝐈ℕ ίη Ŧʰ乇 ᗯ𝕚Ⓡ𝐞đ’𝐒 𝕥Ĥя𝕠Ⓐt. L𝔸Į𝐍 ιn 𝕋𝐇Ⓔ 𝐖ⒾⓇ𝕖𝔻 𝓼άY𝓼, “丨’Ĺ𝐥 ⓀᎥ𝐋Ⓛ MЎ𝐒乇ⓛf?” Ⓓ𝕀𝐠ίⓣᵃl 𝕝Δ𝓲几 𝕊𝔸𝔂Ŝ, “𝕨𝔥𝐲? 𝐖ђу ιᔕ 𝔂σย𝔯 乃𝕆dⓎ ร𝐨 ⓦ𝓐Ⓡ𝔪? 𝕎н𝓎 D𝑜 𝓘 Ƒ𝑒Ẹ𝓵 𝓨όǗℝ 𝒷σdㄚ 𝐓𝓔мⓟEᖇΔtUя𝔢?” ♧💲