A revolução brasileira será satânica, ou não será.

Sinceramente, eu ando bem exausta e bem depressiva. Não vou nem compartilhar tanto esse texto, você que ler agradeço. É foda porque eu quero muito socializar mais e tal, ao mesmo tempo que os ambientes sociais que eu vou frequentar só me deixam triste e sugam minha vontade de viver.


Fora que existe aquela coisa, não se nada contra o rio. Se o rio só te leva pro precipicio, é difícil mudar o curso. ENTÃO, minha desculpa que qualquer erro é porque eu de fato não tô 100%...


Antropologia amadora, ou a compreensão metafísica da realidade.


Saudades de quando comunista era ateu, satânico, gay, e claro, estava embaixo de cada cama do mundo. Não se podia sair a noite, porque o comunista estava lá fora e poderia te pegar, vai que o fantasma do comunismo te possui e de repente você começa a ser anti-imperialista, bissexual e stalinismos. Lembra quando confundiam a gente com os positivistas maluco querendo organizar a sociedade ? Eles diziam, “mudar a realidade não é possível” e chegava os comunista mudando a realidade provando o contrário. Bons tempos.

Brincadeiras à parte, eu resolvi fazer um texto um resposta à uma tribuna do PCB-RR intitulada “A revolução brasileira será evangélica, ou não será”. A razão é muito simples : me incomoda o quanto de conservadorismo o movimento comunista do Brasil possui.

E aqui vou invocar essa imagem de “bom selvagem” que as pessoas têm do brasileiro em geral. Antropologia básica para vocês : já leram o Nacirema ? É um texto que descreve os hábitos corporais de um povo aí do norte da América de uma forma antropológica. (Leiam antes se possível aqui https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/364413/mod_resource/content/0/Nacirema.pdf)

O mais interessante desse texto é mostrar que o antropólogo, mesmo antes de ter contato com um povo, possui pré concepções e noções do povo que vai estudar. O europeu que chega numa ilha no pacifico, numa tribo na Amazônia, ele já entra com uma postura de superioridade, de que esses povos são “crianças”, que a civilização de verdade era a civilização ocidental euroestadunidense, etc, etc.

Existe um tipo de pensamento de que o “selvagem” é inferior ao homem que vive numa cidade qualquer. 

Talvez a coisa mais fácil, como meu professor de antropologia clássica ensinou, é você ler esses primeiros antropólogos e criticar sua postura de suposta superioridade, de estudar tudo através de relatos de pessoas que já chegavam com a intenção colonial de dominação, portanto já viam esses povos como inferiores - o difícil mesmo é a gente não reproduzir esse comportamento. E o mais importante : NÓS SOMOS OS POVOS CONSIDERADOS INFERIORES.

Ou seja, o rapaz latino-americano “branco” (eu não sei se é, mas paciência) que escreveu esse texto, talvez nem saiba, que lá fora (ainda mais com a ascensão do fascismo internacional 2.0), ele é considerado tão inferior quanto é no Brasil as nossas populações negras, originárias, trans, mulheres, etc, etc, são consideradas no Brasil.

Com os evangélicos não é tão diferente assim. Um ponto que eu odeio sobre esse assunto é que as pessoas acreditam que religião é uma coisa essencial da humanidade, que as pessoas religiosas vão ser sempre religiosas e que é impossível você no sentido mais iluminista, ensinar para sociedade uma compreensão de mundo mais científica.

Vou ser solidária num ponto : no Brasil nós temos uma noção política muito porca de fazer política de forma exclusivamente reativa. O cara olha os 30% dos evangélicos e naturaliza (no pior sentido da palavra), trata aquilo como algo dado na realidade, impossível de que mude e que não tenha sido construído.

Nesse sentido, ele faz um texto muito anti-histórico. “Nós temos que estudar os neopentecostais” - oras, sim, isso significa compreender o processo histórico que fez com que eles chegassem nesse famigerado 30% da população brasileira. O processo, portanto, estamos falando que a realidade é dinâmica, dialética e que ela muda toda hora.

Por isso eu afirmo que a esquerda brasileira é muito conservadora. Ok, o mundo tá dominado por essa porcaria de sistema - é mais fácil ouvir do cara de esquerda no Brasil que não tem o que fazer, do que do tão odiado positivismo fantasma da universidade.

Ele traz uma afirmação do tipo “São extremamente disciplinados – arrisco afirmar, inclusive, que são mais leninistas na sua forma organizativa do que a esquerda brasileira atualmente”. Será mesmo ? Será que não é uma miragem ? Podemos trabalhar com a hipótese, mas será que a organização é a mesma dos leninistas ?

Será que não é o antropólogo, nesse caso, enxergando uma organização do povo dele em uma outra civilização ?

Será que o problema não é mais na esquerda brasileira que falha de se organizar de forma profissional ? Sem querer soar muito grosseira, o MCDonalds tem uma organização do trabalho muito mais eficaz que boa parte da esquerda, o que me incomoda é que a gente não leva essa organização para as nossas organizações políticas.

Isso significa que nós devemos ocupar todos os fast foods para realizar uma revolução ? Não né, nós precisamos compreender como funciona, de forma científica mesmo, e reproduzir. Poxa, se a gente tivesse cozinhas solidárias, por exemplo, que tivesse a capacidade de organização de uma cozinha profissional, isso aumentaria em muito a nossa capacidade de reproduzir essa cozinha em outros espaços, de atender melhor a população.

No sentido mais materialista e marxista possível da realidade : o que é uma igreja ? Um espaço de convivência social. Só isso, a questão religiosa muitas vezes é até secundária. O importante é você encontrar seus vizinhos, seus amigos, ver a sua família, se reunir para fazer atividades. E aí, você tem a questão de que o Brasil já foi muito rural e as pessoas mais velhas principalmente, sentem falta daquele sentido mínimo de comunidade da vida no interior.

Os jovens que crescem na cidade se sentem isolados, apreensivos, ansiosos, porque a vida urbana é também uma vida muito perigosa, muito “cada um por si”. A igreja acaba funcionando como um refúgio, quem tem igreja vai para a igreja, quem tem remédio usa remédio, quem tem o computador/celular para participar de comunidades digitais vai para o computador. Era isso que Marx queria dizer que a “religião é o ópio do povo”, traduzindo para o português : A religião é a cachaça do povo - Não é a cachaça para se drogar e se divertir, é ópio para anestesiar a dor. Reginaldo Rossi fala disso :

Saiba que o meu grande amor
Hoje vai se casar
Mandou uma carta pra me avisar
Deixou em pedaços meu coração
E para matar a tristeza
Só mesa de bar
Quero tomar todas
Vou me embriagar
Se eu pegar no sono
Me deite no chão
reginaldo rossi garçon

É a materialidade que determina a ideia, e não o contrário.

Os evangélicos, talvez o mais importante de tudo, não são só massa de manobra, curral de voto, etc, são pessoas, como ele mesmo afirma “em sua grande maioria, são trabalhadores precarizados, com baixíssima renda”. Nem por isso, devemos achar que eles não são capazes de ver que a terra não é plana, que a física existe (já que o movimento dos corpos em algumas religiões se dá por espíritos), que existe causa e efeito, etc, etc.

O erro é achar que a compreensão religiosa da realidade (ninguém pode negar que os evangélicos são anti-modernos) é meramente “só a fé deles”. Veja, as pessoas têm problemas médicos de doenças mentais, o evangélico joga a pessoa nessas comunidades terapêuticas que não usam nenhum método científico e ficam lá só jogando religião na cabeça de pessoas que precisavam de cuidado médico profissional.

Gente do céu, me perdoe, mas a gente vai querer passar o pano para literal tortura para ter uns voto ? O que aconteceu com vocês ? A parte inicial do texto me deu depressão, porque ele coloca “é papel nosso, dos comunistas, promover o pensamento crítico, instigar o debate, nas suas devidas proporções, de acordo com o local e a pessoas, e alertar/informar a classe quando esta se encontra cega pelas armadilhas do capitalismo”. Aí vem aquela velha discussão ? Pergunta para esse evangélico pobre que você mesmo construiu, o que ele acha da política econômica, você acha mesmo que ele não sabe que ela serve aos poderosos ?

Não é porque a pessoa é religiosa que ela não tem capacidade, ou não tem como aprender o tal do pensamento crítico. Pedagogia 101. Enfim, espero que a gente possa melhorar o nosso debate sobre religião. É triste que o movimento comunista não seja tudo aquilo, ainda mais agora quando a gente precisa.

“O Livro Negro”




O que eu vou dizer a seguir tem um certo viés meio anedótico, da minha experiência de vida e um pouco de contato com alguns jogos, respectivamente russo e um chinês. Porém, acredito que seja uma coisa facilmente verificável. Existe no Brasil, e não estou só falando de bolsonarismo, uma completa desvalorização do conhecimento.

Numa camada, sim, estamos falando dos negacionistas da vacina, do aquecimento global, etc. Isso, de fato, é evidente. De uma forma geral, a nossa educação pública (que não é necessariamente a escola pública) é bem precária. Um motivo para isso : empregos pouco qualificados, baixa industrialização, concentração de poder.

Um emprego médio no Brasil não vai te exigir muito conhecimento científico, essa é a verdade. Para ser um vendedor, um motorista de carro, um entregador de app, ou coisas do tipo, não é necessário nenhuma formação muito específica. Não é como se você tivesse que estudar a tabela periódica, entender as leis da termodinâmica, aprender a programar em Python, etc. Ainda que exista essa ilusão que as pessoas não conseguem empregos por falta de qualificação, a verdade é que mesmo esse trabalhador bem qualificado dificilmente vai conseguir um emprego dentro do nível do diploma que ele conseguiu. O que não falta é engenheiro Uber, universitário fazendo pós vendendo coisas na rua, etc.

A baixa industrialização força nas cidades uma economia de serviços e no campo uma economia agrária primário exportadora. Por isso na cidade, de novo, por mais que as empresas exijam literalmente PHD para você, no seu dia a dia, no seu “fazer o trabalho”, você não vai usar metade do seu conhecimento. Em grande parte, a indústria de serviços tem “scripts”, formas prontas de fazer o serviço. O exemplo máximo disso é o telemarketing, onde você tem certas técnicas, trabalha com algumas noções de vendas e dependendo do produto, tem algumas informações extras sobre bancos, seguros, etc, mas você não tem a compreensão do porquê você faz as coisas daquela determinada forma.

Você diz que a ligação é gravada, mas não sabe que isso é uma regra de proteção ao consumidor, por exemplo. Você explica como funciona a carência de um seguro, mas não sabe porquê a carência existe. E por aí vai.

No campo, o trabalho é só de extração de recursos. Se tem uma noção mínima de como se faz as coisas, se usa algumas máquinas e joga tudo num navio para vender para países aí do centro do capitalismo. Não se trabalha, por exemplo, a soja, o metal, nós os vendemos brutos, quem os trabalha geralmente são países como a China. (Aqui eu posso acabar sendo reducionista, mas é por questão didática mesmo, a agricultura familiar no Brasil é algo bem minoritário e sustenta esse país nas costas, viva MST e viva LCP !).

A concentração de poder, dentre várias coisas, é concentração de saber. Não é uma questão de “oh eles não querem que a gente saiba que somos dominados” - existe uma questão de como fazer as coisas serem feitas. Por exemplo, o conhecimento técnico em informática, dentre várias coisas, permite que você tenha um sistema de informações mais eficaz, mais rápido, com capacidade de gerenciamento.

Se você se organiza, seja uma empresa, seja um movimento político, um departamento do Estado, e fica dependendo de um software pouco seguro como o Whatsapp, ou não compreende como funciona, ou não sabe que existem alternativas e tal, isso não só te deixa vulnerável no sentido de que você não domina a ferramenta, como você muito provavelmente vai ter dificuldade de organizar o seu espaço de trabalho (trabalho no sentido de fazer as coisas).

O problema das pessoas não terem compreensão pelo menos básica de algumas coisas, além de dificultar a comunicação entre as pessoas (teoria básica de comunicação, precisamos ter informações em comum para conversar), torna elas muito mais dependentes de um poder hierárquico de cima para baixo. Eu nem estou falando do Estado brasileiro em si, o próprio Estado brasileiro, quando precisa de alguma tecnologia, fica dependendo das potências estrangeiras, porque não produz/não investe em tecnologia/conhecimento aqui.

Isso em parte, explica o fenômeno do negacionismo. Ele é também algo promovido por forças reacionárias, é um produto de uma sociedade anti-solidária (conhecimento só produzido com troca de saber), mas essa organização da sociedade também tem um papel importante.

Uma coisa que me incomoda demais e isso é um tipo de negacionismo que vem muito no velho castelo de marfim : é que você precisa ler determinados autores, ficar preso neles, e tudo que o que Outro diz é ruim, não presta, não pode ser lido, é proibido, etc, etc.

Por exemplo, existem na academia (instituições, alunos, professores, revistas, etc) algumas tendências de marxismo que são completamente negacionistas de ler Mao, Lenin, Stalin, etc, e mesmo o sr. Trotsky (ainda que a maioria dos marxistas da academia sejam trotskistas). Você simplesmente, sequer tem citação, uma lembrança que seja desses autores. Sem problema, já que o foco pode ser outro.

Mas a questão é que quando você adota uma linha determinada desse marxismo acadêmico/frankfurtianas/estruturalismo, é como se não existissem outras. Da mesma forma, na sociologia acontece uma coisa muito engraçada que é um anticomunismo muito maluco, que ataca um espantalho de um marxismo do mal que quer mudar a realidade e ao mesmo tempo odeia o positivismo, no que o positivismo pode ser aproveitado.

O que as pessoas não gostam do positivismo e do marxismo é a parte de que é possível racionalizar e compreender a realidade, para mudá-la. É você tirar aquele véu de misticismo, que Max Weber é o principal responsável de defender, deixar de fazer um ritual do fogo e compreender de fato como se faz o fogo.

Positivismo com todos os seus defeitos, é uma teoria que, diferente de Weber, olha para o material, ainda que sem pretensão de transformação, ele tenta racionalizar a compreensão da realidade dentro de uma noção científica, isto é, um tipo de conhecimento que todos podem entender e podem contribuir para que cresça.

Me incomoda que a postura seja de dizer, da boca para fora, que todo conhecimento é válido e tal, que todo mundo pode contribuir, ao mesmo tempo que quando se depara com algo fora daquele trilho, tem uma incapacidade de compreensão. Eu não acho que, por exemplo, nós deveríamos deixar de ler os textos, de estudar mesmo os nossos inimigos - não é isso que acontece tanto do nosso lado, como do deles. As pessoas simplesmente não estudam.

O problema da academia é que ela não tem um projeto político, ela é só um espaço de formação profissional e deixa o espaço de organização social para as igrejas, seitas políticas de extrema-direita e crime organizado. Nós não pensamos na educação como um projeto iluminista (SIM LEVAR A RAZÃO PARA AS PESSOAS, CHOREM), como um processo social que deve ser generalizado para toda a sociedade.

A escola não deveria ser o lugar da educação, deveria ser UM DOS lugares de educação. Todo mundo deveria ter tempo para estudar as coisas que gosta. Seja isso futebol, seja isso física nuclear. A questão é que o conhecimento se tornou apenas uma ferramenta de dominação. Você limita ele, seja com direitos autorais, seja com barreiras linguísticas (seja por estar em outro idioma, seja por possuir termos técnicos demais), seja com dificuldade de acesso com tempo, etc. Os poucos que conseguem ficam isolados do resto da população, e são colocados muitas vezes em posições de gerenciamento social.

A verdade é, você deveria ter a capacidade de discutir e conversar sobre sociologia comigo, tanto quanto eu deveria saber mais sobre como funciona a matemática, do qual sou péssima. É isso que vai dar para gente CAPACIDADE DE ORGANIZAÇÃO POLÍTICA que de fato mude o mundo.

Alguma vez no mundo, adiantou só ter boa vontade para fazer as coisas ?

Aqui invoco a história do jogo Black book, que tem uma pesquisa antropológica sobre a religião russa no século XIX incrível, fui procurar as referências e só tem em russo. (VAI TER OTAKU DE URSS E CHORE) O que é um koldun (feiticeiro numa tradução livre) ? Como você não tem um acesso à ciência moderna (É A RÚSSIA CZARISTA DO SÉCULO XIX), a maneira que as pessoas compreendem a realidade é de forma religiosa.

As pessoas, por exemplo, não sabem que existe vento, para elas são demônios que movem as coisas. Como a Rússia é um país, assim como o Brasil, enorme e com uma variedade de culturas diferentes, existe uma mistura muito doida entre religiões antigas daquela região, com algumas noções que vem do islã, e principalmente do cristianismo na sua vertente ortodoxo.

O koldun (ou knower também), é uma pessoa que pega E VAI ESTUDAR ESSAS COISAS. Ou seja, ele pega o conhecimento que tem sobre o mundo E O ESTUDA NAS CONDIÇÕES QUE TEM. É muito diferente do que a maioria das pessoas faz com religião, por exemplo. Quando você crê, você simplesmente aceita sem pensar.

Por mais que a gente aqui na frente, saiba que o vento tem toda uma questão dos gases, clima, etc, etc, lá atrás, PENSANDO HISTORICAMENTE, existe uma importância DA INVESTIGAÇÃO DA NATUREZA. Ou seja, por mais que seja um saber que a gente pode chamar de equivocado, ele foi um pilar necessário para gente ir mais a fundo e TENTAR COMPREENDER O MUNDO MATERIAL.

Até a gente entender, por exemplo, que para “prever” o clima a gente precisava estudar os ventos, as nuvens, e tal, NÓS PRECISAVÁMOS DOMINAR OS RITUAIS. Eu vejo nisso uma valorização extrema do conhecimento. Uma coisa é você ouvir “abaixa a cabeça, você não entende Deus, deixa eu pastor explicar” - OUTRA É VOCÊ IR ATRÁS DO CONHECIMENTO COM SEDE E TENTAR ENTENDER A NATUREZA.
Outra é você compreender profundamente como funciona um ritual de batismo, qual a necessidade dele no mundo, o que de fato ele faz.

Se eventualmente existirem forças sobrenaturais (se não forem coisas da nossa cabeça, que o cérebro cria para entender o mundo), elas não vão ter a mesma categoria religiosa de antes. Da mesma forma que a gente hoje tem uma compreensão da gravidade, nós não teríamos forças sobrenaturais, logo elas não teriam o véu místico religioso.

É o que acontece na medicina. Hoje nós temos uma compreensão da química das substâncias no corpo e podemos usar conforme a nossa necessidade de cura. Ninguém precisa tomar uma dose muito alta ou muito baixa, você consegue calcular quanto de antibiótico, por quantos dias, porque X antibiótico, como ele funciona no corpo, etc, etc.

O que as doenças eram antes disso ? Maldições, castigos dos deuses, etc - E como a gente foi dessa compreensão para a noção materialista da realidade ? ESTUDANDO.

É muito diferente da postura dos religiosos que a gente tem no Brasil. Você reza porque o pastor mandou, você faz trabalho X porque o pai de santo quis, você pede permissão para entrar na floresta porque o pajé te disse, você não entende porque faz nada disso.

Não só, esse conhecimento é proibido, não pode ser compartilhado, é secreto. Para você acessar você precisa ser um iniciado. O conhecimento científico é de todos, você entende se estudar e compartilhar com outros, tem uma lógica, é público.

Infelizmente eu zerei o Black Book, porque viver num mundo que saber das coisas é valorizado me deixou muito feliz.

Por isso que, e assim supondo claro, se lá de fato tinha uma cultura assim, eu entendo porque o socialismo deu certo lá e não deu aqui. Porque deu certo em Angola e Moçambique, e não deu no grandioso Brasil.