Será que a gente vai se importar com o próximo massacre ?

Palestina....Salvador
Texto curto, pode ficar tranquilo. Nem vou espalhar ele tanto...

É só um pequeno comentário sobre a violência. Esses dias, dizem algumas fontes que essa nova nova velha-guerra/exploração colonial em Gaza matou um monte de bebês no meio desses bombardeios a hospitais. Toda vez que eu escuto o jornal de Salvador, também, há sempre alguém morto, uma minoria e às vezes aparece Trump baiano que elegemos como governador para falar na TV.


Eu fiquei pensando, como que eu estou indiferente. Não é algo que me mobiliza, ou algo que eu sinto que deveria me importar. Sei lá, eu vi todas essas notícias e parece algo tão comum, algo que é rotina. Olha, eu não sou alguém que vive uma vida violenta, literalmente eu nunca briguei. Pode ser meu estado depressivo voltando, como sei lá, pode ser a quantidade exorbitante de espetacularização da violência. Um dos dois pode ser, ou ambos…


Aí fico vendo o pessoal discutindo com os facho e tentando falar sobre o tema, acabo ficando ainda mais com uma sensação de cansaço. Por um lado, é importante rebater, discutir, pôr em perspectiva. Por outro, o quanto mais uma versão dos fatos não é só mais um produto para consumir ? Eu me sinto chata, velha, morta. Eu sou a favor da solidariedade ao povo palestino, mas por que a gente tem solidariedade ?


Se estamos falando de um povo colonizado, oprimido, destituído de sua terra - não é tão distante da nossa vida no Brasil, principalmente se você for pobre. Se temos solidariedade porque nós também somos oprimidos e porque também estamos na luta, assim como eles, pela nossa libertação, eu sinto que essa solidariedade é menos vazia. Será que as pessoas olham para a Palestina e sentem empatia ? Ou só é um caso de uma empatia de moda.


Então, essa mesma empatia não existe aqui. No Brasil, é permitido rolar massacre, rolar fome, desemprego e a mesma empatia não aparece. Eu sei lá, não estou dizendo que não devemos ter solidariedade, só acho estranho essa seletividade.


Se isso pode virar uma forma de organizar a nossa própria luta é um outro ponto que me incomoda. Será que essas manifestações pela Palestina, não podem também servir para nós construirmos um Brasil com projeto nacional ? Sei lá, tô cansada das coisas serem tão importantes por algumas semanas e já não serem mais nas outras.


E aí eu preciso chegar na chincha comigo mesma : eu estou errada em me sentir tão indiferente ? Esse meu cinismo, é algo positivo ? Há o que aproveitar dessas questões ?


Fico pensando, essas situações são muito projeções de um projeto político. Nós não temos um no Brasil, além da velha ideia de transformar o Brasil num cassino, putero e paraíso fiscal. É claro que a gente vai se identificar, nós somos como eles…Só que eles tem um futuro, nós não.

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